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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Última audiência geral de Bento XVI

"Houve momentos em que as águas estavam agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir".


Cidade do Vaticano, 27 fev 2013 (Ecclesia) — Bento XVI concedeu hoje a última audiência pública do seu pontificado, que se conclui esta quinta-feira, e explicou que a sua renúncia se aplica ao “exercício ativo do ministério” do Papa, sem implicar um regresso à “privacidade”. “Não regresso à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas fico de uma forma nova junto do Senhor crucificado; deixo de levar a potestade do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração permaneço, por assim dizer, no recinto de São Pedro”, declarou, na sua catequese em italiano, perante mais de 150 mil pessoas, segundo estimativas do Vaticano.

Segundo Bento XVI, “amar a Igreja significa ter a coragem de fazer escolhas difíceis, sofridas, tendo sempre diante de si o bem da Igreja e não a si próprio”. “Quem assume o ministério petrino já não tem qualquer privacidade. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja, na sua vida é totalmente cortada a dimensão privada”, precisou.
Agradecendo a presença “tão numerosa” de fiéis nesta audiência semanal, que ao longo dos anos do pontificado reuniu 5,1 milhões de pessoas, o Papa declarou recolher “tudo e todos na oração” para os confiar a Deus. “Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, sabemos todos nós, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, a sua vida”, prosseguiu, ao som das palmas dos presentes, agradecendo o dia de sol numa “manhã de inverno”.
Bento XVI recordou o momento da sua eleição, a 19 de abril de 2005, e falou da “presença” de Deus que sentiu todos os dias neste ministério. “Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos nada fáceis”, confessou. “Houve momentos em que as águas estavam agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir, mas sempre soube que nessa barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é sua e a não deixa afundar”, acrescentou.
O Papa declarou que não se sentiu “só” ao longo dos anos em que viveu a “alegria e o peso” do pontificado, deixando palavras de agradecimento aos cardeais, pela sua “amizade”, aos seus colaboradores, à Diocese de Roma e ao “mundo inteiro”. “Gostaria de agradecer do fundo do coração às várias pessoas de todo o mundo que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa nunca está só, experimento-o agora de novo de um modo tão grande que toca o coração”, revelou. O Papa falou das cartas das “pessoas simples” que lhe escrevem como “irmãos e irmãs ou filhos e filhas”, porque a Igreja não é “uma organização”, uma “associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo”. “Deus guia a sua Igreja, levanta-a sempre, também e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão da fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo”, concluiu. Bento XVI apresentou a sua renúncia no último dia 11, com efeitos a partir de quinta-feira, por causa da sua “idade avançada”, abrindo caminho à eleição do seu sucessor. A última renúncia de um Papa tinha acontecido há quase 600 anos, com a abdicação de Gregório XII.

O adeus de um Papa

 

O Papa Bento XVI fez na manhã de hoje, 27/02, sua última Audiência Pública na praça de São Pedro, no Vaticano, antes de renunciar ao Ministério Petrino. Diante de uma assembleia de mais de 150 mil pessoas, disse estar feliz por enxergar a Igreja viva e que jamais se sentiu sozinho nesses oito anos de pontificado. O Santo Padre ainda recordou que a Igreja não pertence a ele, mas a Cristo, e por isso, ela jamais afundará, mesmo quando as águas estiverem agitadas. "Não abandono a cruz, sigo de uma nova maneira com o Senhor Crucificado, sigo a seu serviço no recinto de São Pedro", enfatizou.
A Audiência começou por volta das 10h40 locais (6h40 de Brasília). Ao aparecer na praça de São Pedro no papamóvel, Bento XVI foi ovacionado por uma multidão que gritava "Viva o Papa" e "Bento! Bento!". Claramente emocionado, passeou pela praça por quase 15 minutos, agradecendo aos fiéis que levantavam cartazes e o agradeciam. Foram distribuídos 50 mil ingressos para os peregrinos participarem da catequese, mas segundo as estimativas, o público presente era de mais de 150 mil pessoas.

O Papa ressaltou no seu discurso o significado do amor que se deve prestar à Igreja e a Cristo. "Amar a Igreja significa também ter a valentia de tomar decisões difíceis, tendo sempre presente o bem da Igreja, e não o de si próprio", afirmou. Falando ao público de língua portuguesa, disse que "um papa não está sozinho na condução da barca de Pedro". "Embora lhe caiba a primeira responsabilidade, o Senhor colocou ao meu lado muitas pessoas que me ajudaram e me sustentaram", declarou o pontífice.
Bento XVI convidou os fiéis a rezarem por ele e pelo próximo papa. Ele agradeceu a Deus por tê-lo guiado nesses oito anos de papado e pediu para que a Igreja amasse Jesus "com a oração e com uma vida cristã coerente". "Deus ama-nos, mas espera também que nós o amemos!", recordou. O Romano Pontífice falou também das várias cartas que recebeu de pessoas simples enquanto esteve à frente da Igreja nestes últimos anos. Afirmou que essas manifestações afetuosas permitiam "tocar com a mão o que é a Igreja", pois ela não é uma organização ou uma associação com fins religiosos ou humanitários, "mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que nos une a todos". "Experimentar a Igreja neste modo e poder assim com que poder tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor, é motivo de alegria, num tempo em que tantos falam do seu declínio", declarou o papa entre os aplausos dos fiéis.
Bento XVI assumiu a Cátedra de Pedro em 19 de abril de 2005, aos 79 anos de idade. Nesses oitos anos de pontificado, presidiu 348 audiências gerais, das quais participaram 4,9 milhões de pessoas até dezembro de 2012. Além disso, escreveu três encíclicas (Deus caritas est, Spe salvi e Caritas in veritate), a biografia de Jesus, na aclamada trilogia "Jesus de Nazaré", participou de três Jornadas Mundiais da Juventude, sendo a última em Madrid, Espanha, com a presença de mais de dois milhões de jovens e fez mais de 50 viagens apostólicas por todo o mundo, incluindo o Brasil em 2007, quando veio para canonizar Frei Galvão e abrir a V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe.
A partir das 20h (locais) de amanhã, 28/02, se inicia o tempo de Sé vacante, como estabeleceu o Papa Bento XVI no seu discurso em que anunciou a renúncia. Segundo o porta voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, Joseph Ratzinger continuará a usar o nome de Bento XVI e o título honorífico de "Sua Santidade". Ele deverá ser chamado de "Papa emérito" ou "Pontífice Romano Emérito". Já o seu anel papal deverá ser quebrado, como prescreve a tradição quando termina um pontificado. Bento XVI foi o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos.

Autor: Equipe Christo Nihil Praeponere

Santidade ao alcance de todos


 
Desde a Antiga Aliança, realizada através dos Patriarcas, Deus chama o povo à santidade: “Eu sou o Senhor que vos tirou do Egito para ser o vosso Deus. Sereis santos porque Eu sou Santo” (Lv 1,44-45).
O desígnio de Deus é claro: uma vez que fomos criados à sua “imagem e semelhança” (Gen 1,26), e Ele é Santo, todos nós temos que ser santos também. Isto é natural, porque fomos feitos para Deus. O Senhor não deixa por menos.
São Pedro repete esta ordem dada ao povo no deserto, em sua primeira carta: “A exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também vós santos, em todas as vossas ações, pois está escrito: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pe 1,15-16).
São Pedro exortava os cristãos do seu tempo a romper com o pecado: “luxúrias, concupiscências, embriagues, orgias, bebedeiras e criminosas idolatrias” (1Pe 4,3), vivendo na caridade, já que esta “cobre a multidão dos pecados” (1Pe 4,8).
Jesus, no Sermão da Montanha chama os discípulos à perfeição do Pai: “Sede perfeitos assim como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Jesus falava da bondade do Pai, que ama não só os bons, mas também os maus, e que “faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5,45). Jesus pergunta aos discípulos: “Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis ?” (46).
Para o Senhor, ser perfeito como o Pai celeste, é amar também os inimigos, os que não nos amam. “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e vos maltratam”(44). E mais ainda: “Não resistais ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra” (39).
Todo o Sermão da Montanha, relatado nos capítulos 5,6 e 7 de S. Mateus, apresenta-nos o verdadeiro código da santidade. É como dizem os teólogos, a “Constituição do Reino de Deus”. É por isso que na festa de todos os Santos a Igreja nos faz ler no Evangelho este discurso de Jesus.
São Paulo começa quase todas as suas cartas lembrando os cristãos do seu tempo de que são “chamados à santidade”. Aos romanos, logo no início, ele se dirige dizendo: “a todos os que estão em Roma, queridos de Deus, chamados a serem santos…“ (Rom 1,7). Aos corintios ele repete: “à Igreja de Deus que está em Corinto, aos fiéis santificados em Cristo Jesus chamados à santidade com todos…” (1Cor 1,2). Aos efésios ele lembra, logo no início, que o Pai nos escolheu em Cristo “antes da criação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,5). Aos filipenses ele pede que: “o discernimento das coisas úteis vos torne puros e irrepreensíveis para o dia de Cristo” (Fil 1,10).
Para o Apóstolo a santidade é a grande vocação do cristão. “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação; que eviteis a impureza…” (1 Tess 4,3-5). “Purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do espírito realizando a obra de nossa santificação no temor de Deus” (2 Cor 7,1). “Procurai a paz com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o Senhor” (Heb 12,14).
Santa Teresa de Ávila afirma que: “O demônio faz tudo para nos parecer um orgulho o querer imitar os santos”. A santidade ainda não é um fim, mas o meio de voltarmos a ser “imagem e semelhança” de Deus, conforme saímos de suas mãos.
A santidade é a melhor resposta que damos ao amor de Deus. É esse amor retribuído que levaram os santos a fazerem a vontade de Deus e chegarem à santidade. O Concílio Vaticano II afirmou que: “Todos os fiéis cristãos são, pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio estado” (LG 41).
Essas palavras da Igreja mostram que a santidade não é, como se pensava antes, um caminho para poucos “eleitos” de Deus, privilegiados; mas um caminho para “todos” os cristãos. Esse chamado é uma “vocação universal.
Todos os batizados, portanto, sem exceção, são chamados à santidade. “Eles são justificados no Senhor Jesus – diz o Concílio – porquanto pelo batismo da fé se tornaram verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e portanto realmente santos” (LG 40).
Vemos então que cada um de nós “recebeu” a santidade no batismo e deve viver de modo a preservá-la e aperfeiçoá-la. Certa vez o Papa João Paulo II disse em Roma, citando Bernanos: “A Igreja não precisa de reformadores, mas de santos”.
Em outra ocasião, ele disse aos catequistas: “Numa palavra, sede santos. A santidade é a força mais poderosa para levar a Cristo, os corações dos homens” (L.R. nº 24, 14/06/92, pg 22 [338]). Para viver a santidade devemos, como disse Santo Afonso de Ligório, “fazer o que Deus quer e querer o que Deus faz”; isto é, viver os mandamentos e aceitar a vontade de Deus em tudo.
A Igreja existe para nos levar à santidade; e nos oferece muitos meios de santificação: a oração, os sacramentos, os sacramentais, a Palavra de Deus, a fé. Além disso nos santificamos pelos sofrimentos, pela vivencia familiar como pais e filhos cumpridores de nossa missão; pelo trabalho realizado com amor. É no chão do lar, da fábrica, do asfalto, da rua, da luta diária que cada um de nós se santifica, fazendo a vontade de Deus.
O mundo hoje precisa de muitos santos, como disse João Paulo II aqui no Brasil; santos modernos, de calça jeans, tocando violão e tudo mais.
Prof. Felipe Aquino

Qual a grande contribuição que Bento XVI deixa à Igreja?

Legado

Padre Paulo Ricardo explica que Bento XVI deixa um grande legado na área da compreensão do Concílio Vaticano II
Jéssica Marçal
Da Redação
 Qual é a grande contribuição que Bento XVI deixa à Igreja 
Os quase oito anos do pontificado do Papa Bento XVI chegam ao fim ,nesta quinta-feira, 28. O mundo recebeu com surpresa a notícia de sua renúncia, apresentada em 11 de fevereiro. Depois do susto, das perguntas e esclarecimentos, aos poucos começou-se a refletir não mais sobre os motivos da renúncia, o que já é um fato dado, mas sobre os feitos deste Papa, a contribuição que ele deixa à Igreja de Cristo.
O teólogo e padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, da Arquidiocese de Cuiabá, destaca que Bento XVI está entre os grandes papas que conduziram a Igreja após o Concílio Vaticano II. Este, segundo ele, foi um evento extraordinário, mas que ainda não deu todos os seus frutos.
De acordo com padre Paulo, o grande legado de Bento XVI está relacionado ao Concílio, ao fato de fazer as pessoas terem acesso ao verdadeiro Concílio Vaticano II e às “coisas extraordinariamente positivas” que Deus concedeu à Igreja por meio deste evento.
O sacerdote disse, conforme fez o próprio Papa recentemente em audiência com os padres da diocese de Roma, que o Concílio foi interpretado pela mídia e pelo mundo como sendo um Concílio que estava começando um novo jeito de ser Igreja, sendo uma ruptura com o passado. Contudo, ele enfatiza o esforço do atual Pontífice de fazer com que os fiéis, sacerdotes e bispos retomem os verdadeiros ensinamentos desse grande acontecimento, sabendo colher as riquezas que ele tem para dar à Igreja.
“Em poucas palavras, o Papa Bento XVI nos deixou o grande legado de fazer os fiéis católicos compreenderem que há 50 anos, com o Concílio Vaticano II, não começou uma nova Igreja, mas é a mesma Igreja de Cristo, na sua continuidade orgânica que ao longo dos séculos vai se transformando e se adaptando aos poucos conforme as necessidades e circunstâncias. O Vaticano II não foi uma revolução, foi um crescimento da Igreja na continuidade daquilo que é a tradição de 2000 anos”.
O próximo Papa
Diante da riqueza da contribuição deixada por Bento XVI, padre Paulo elenca como o grande desafio do novo Papa a continuidade dessa herança. Ele enfatiza que Deus tem dado à Igreja papas que continuam o trabalho que o outro havia iniciado, dando sua contribuição pessoal.
“É por isso que nós temos essa alegria de ser católico, de saber que cada Papa que toma o seu papel como Sucessor de São Pedro sabe que ele é sucessor de tantos outros. O próximo Pontífice será o de número 266, ou seja, antes dele, houve 265 papas aos quais ele dará continuidade e dos quais ele será sucessor”, explica.
Embora cada um deles tenha a sua própria contribuição a dar, padre Paulo cita uma característica comum a todos os pontífices: o “guardar a fé”, permanecer na mesma fé da Igreja de 2 mil anos. Segundo ele, o grande desafio que a Igreja enfrenta, nas últimas décadas, tem sido transmitir a fé de sempre de forma nova, a fim de que os fiéis possam compreendê-la.
“Cada Papa tem esta missão de continuar na fé de sempre, mas apresentar isso não de uma forma morta, mas viva. Bento XVI fez isso com todo o seu carisma de grande homem, como teólogo, pensador e grande homem de vivência litúrgica e espiritual. O próximo Sucessor de Pedro terá, também ele, a sua personalidade, a sua contribuição e a sua riqueza. Nós estamos preparados para receber essas maravilhosas surpresas de Deus que a Igreja recebe a cada eleição de um novo Pontífice”, concluiu.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Jesus Cristo é Deus mesmo?


 
São esses Evangelhos, meu amigo, autenticados pela mais severa crítica racionalista, que mostram a divindade de Jesus Cristo.
Encontramos neles mais de quarenta grandes milagres que Jesus fez, para deixar claro a sua divindade. São as suas “credenciais divinas”.
São João, autor do quarto Evangelho, nos diz que nem tudo foi escrito, mas apenas o necessário para sabermos que Jesus é o Filho de Deus e salvador:
“Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, muitos outros milagres, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.” (João 20,30-31).
Os milagres de Jesus provam a sua divindade.
Ele provou que é Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente, onisciente, onipresente. Mostrou o seu poder sobre a matéria, sobre a natureza, sobre a morte, sobre a doença, sobre os demônios, etc.
Eis alguns dos seus fantásticos milagres:
— andando sobre as águas do mar da Galieia, ele foi ao encontro dos Apóstolos que remavam com dificuldade contra o vento (Mateus 14,26);
— nas Bodas de Caná, transformou 600 litros de água em vinho (João 2);
— por duas vezes ao menos multiplicou os pães e saciou a fome da multidão que o seguia no deserto (Mateus 15,36);
— curou dez leprosos que vieram ao seu encontro (Mt 8,3);
— curou os cegos de nascença em Jericó;
— curou o paralítico na piscina de Betesda (Jo 5,1-18);
— acalmou a tempestade, sobre o mar da Galileia, que ameaçava fazer virar o barco onde estava com os Apóstolos (Mt 8,26);

— expulsou os demônios de muitos (Mt. 8,32);
— curou muitos paralíticos (Mt 8,6);
— ressuscitou a filha de Jairo, chefe da sinagoga de Cafarnaum (Mt 9,25);
— ressuscitou o jovem de Naim, filho único de uma viúva;
— ressuscitou a Lázaro, irmão de Marta e de Maria, de Betânia (Jo 11, 43-44);
— transfigurou-se no Monte Tabor (Mt 17,2);
— ressuscitou triunfante dos mortos e apareceu aos discípulos e para muitas pessoas (Mt 28,6; 1Cor 15,1s).
Os inimigos da fé católica comprovaram a autenticidade dos Evangelhos; são eles que provam a divindade de Jesus Cristo.
Enfim, Jesus provou que era Deus! Apresentou as credenciais divinas! Ninguém jamais fez isto.
Só alguém que é Deus pode fazer essas obras!
É por isso que São Paulo disse que: “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.” (Col 2,9).
“Ele é a imagem do Deus invisível.” (Col 1,15).

São Pedro diz, como testemunha: “Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos.” (2Pe 1,16).
Que nos resta concluir?
Um dia Jesus curou um ceguinho de nascença que esmolava
à Porta do Templo. Depois lhe pergunta: “Crês no Filho de Deus?”
Ao que o ceguinho lhe responde: “Senhor, e quem é esse para que eu creia nele?”
E Jesus lhe respondeu: “É o que está falando contigo.”
“Creio, Senhor, confessou o ceguinho curado, caindo de joelhos em adoração.” (Jo 9,35).
É o que nos resta fazer. Jesus é Deus.
Prof. Felipe Aquino

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O valor da Santa Missa na sua vida


 
A Igreja nos ensina o grande valor da Santa Missa. Vejamos:
Na hora da morte, as missas que tivermos assistido serão a nossa maior consolação.
Toda missa implora o perdão para você junto à justiça divina.
Em toda Missa você diminui a pena temporal devida aos seus pecados, a ser paga no purgatório.
Assistindo com devoção à missa, você presta a maior das honras à santa humanidade de Jesus Cristo.
Ele compadece-se de muitas de suas negligências e omissões.
Perdoa os seus pecados veniais não confessados, dos quais porém você se arrependeu.
Diminui as tentações de satanás sobre você. Sufraga as almas do purgatório da melhor maneira possível.
Uma só missa que você assistir em vida terá mais valor do que muitas a que outros assistirão, por você depois de sua morte.
A Missa preserva-te de muitos perigos e desgraças que te abateriam.
Toda Missa alcança para você um grau de glória maior no céu.
Pela Missa você é abençoado em seus trabalhos e interesses pessoais.
“Fica sabendo, ó cristão, que mais merece ouvir devotamente uma só missa do que com distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra.” (São Bernardo, doutor da Igreja).
“Nosso Senhor nos concede tudo o que lhe pedimos na Santa Missa: o que mais vale é que nos dá ainda o que nem sequer cogitamos pedir-lhe e que, entretanto, nos é necessário.” (São Jerônimo).
“Se conhecêssemos o valor do Santo Sacrifício da Missa que zelo não teríamos em assistir a ela.” (Cura d’Ars — São João Vianney).
“A Missa é o sol da Igreja.” (São Francisco de Sales, doutor).
O pão e o vinho oferecidos na Missa representam todo o universo e toda a humanidade que Cristo oferece ao Pai com todas as suas chagas, trabalhos e dores. Ali você oferece também a sua vida e se oferece também a Deus para fazer a Sua vontade.
Pela celebração da santa Missa, o mundo volta reconciliado para Deus e somos salvos.

A Missa é o centro da fé, é o cerne do Cristianismo, é o coração da Igreja, é o centro do universo.
Na Eucaristia Jesus vem morar em você para ser o seu Alimento da caminhada, a Força contra o pecado, e para transformar a sua vida de homem em vida de filho de Deus.
Quando você Comunga o Corpo de Cristo, você se une a Ele, de fato, e se torna membro do Corpo de Cristo, unido a todos os irmãos do céu e da terra. É a redenção do mundo!
Nunca compreenderemos totalmente a magnitude da santa Missa…
Por todos esses ensinamentos da Igreja e dos Santos você pode compreender a importância da Missa, que só existe na Igreja Católica.
Nela Deus guardou, há 2000 anos, este tesouro para você.
Pela Eucaristia Jesus está presente em Corpo, Alma, Divindade, na Hóstia consagrada, para ser nosso remédio e sustento.
Prof. Felipe Aquino

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

As Imagens na Tradição da Igreja


Na Encarnação do Verbo, Jesus Cristo mostrou aos homens uma face visível de Deus, que quis se servir de numerosos elementos sensíveis (imagens, palavras, cenas históricas…) para nos comunicar a Boa-Nova.
Os cristãos foram, então, compreendendo que segundo a pedagogia divina, deveriam passar da contemplação do visível ao invisível. As imagens, principalmente os que reproduziam personagens e cenas da história sagrada, tornaram-se “a Bíblia dos iletrados” ou analfabetos.
As imagens sempre foram usadas por Jesus e pelos Apóstolos como instrumentos eficazes e reveladores da realidade invisível: para anunciar o Reino de Deus usaram imagens de lírios, pássaros, sal, luz, etc., coisas que estimulavam a compreensão do abstrato através de imagens retiradas do mundo concreto. São Paulo também ensina que o Deus invisível tornou-se visível em Jesus Cristo (cf. Cl 1,15).
A controvérsia iconoclasta, inspirada por correntes judaizantes e heréticas nos séculos VIII e IX, que condenava o uso das imagens,  terminou com a reafirmação do culto dessas no Concílio de Nicéia II, em 787.
Os Reformadores protestantes rejeitaram as imagens por causa dos abusos do fim da Idade Média; Lutero, porém, se mostrou bastante liberal com as imagens; não as proibia. Ultimamente entre os luteranos a atitude diante das imagens tem sido submetida a revisão. Lutero disse em 1528:
“Tenho como algo deixado à livre escolha as imagens, os sinos, as vestes litúrgicas… e coisas semelhantes. Quem não os quer, deixe-os de lado, embora as imagens inspiradas pela Escritura e por histórias edificantes me pareçam muito úteis… Nada tenho em comum com os Iconoclastas (quebradores de imagens)” (Da Ceia de Cristo).
S. Clemente de Alexandria († antes de 215) dizia que: “O próprio homem é a imagem viva de Deus”, eis o argumento que repete, acrescentando ainda um adágio freqüente na Igreja antiga: “Viste teu irmão, viste teu Deus” (Stromateis I 19 e II 15, PG 8,812 e 1009).
Os cristãos foram percebendo que a proibição de fazer imagens no Antigo Testamento era apenas uma questão pedagógica de Deus com o povo de Israel.  As gerações cristãs foram compreendendo que a realidade da Encarnação do Verbo como homem, visível, indicava que eles deveriam subir ao Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos homens. Assim, começaram a representar e meditar as fases da vida de Jesus e a representação artística das mesmas começaram a surgir como um meio valioso para que o povo fiel se aproximasse do Filho de Deus.
É relevante notar que já nas antigas Catacumbas de Roma, os antigos cemitérios cristãos, encontram-se diversos afrescos geralmente inspirados pelo texto bíblico:  Noé salvo das águas do dilúvio, os três jovens cantando na fornalha, Daniel na cova dos leões, os pães e os peixes restantes da multiplicação efetuada por Jesus, o Peixe (Ichthys), que simbolizava o Cristo …
Note que esses cristãos dos primeiros séculos ainda estão debaixo da perseguição dos romanos. E eles faziam imagens e pintavam figuras. Será que eram idólatras por isso? É lógico que não, eles morriam às vezes mártires exatamente para não praticarem a idolatria, reconhecendo César como Deus e lhe queimando incenso. Ora, se os nossos mártires usavam figuras pintadas,  é claro que elas são legítimas.
Nas Igrejas as imagens tornaram-se a “Bíblia dos iletrados”, dos simples e das crianças, exercendo grande função catequética.  Alguns escritores cristãos nos contam isso.
S. Gregório de Nissa (†394) escreveu:
“O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e ajuda grandemente” (Panegírico de S. Teodoro, PG 94, 1248c).
S.João Damasceno, doutor da Igreja, grande defensor das imagens no Concilio de Nicéia II, disse:
“O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os iletrados” (De imaginibus I 17 PG, 1248c).
“Antigamente Deus, que não tem corpo nem face, não poderia ser absolutamente representado através duma imagem. Mas agora que Ele se fez ver na carne e que Ele viveu com os homens, eu posso fazer uma imagem do que vi de Deus.”
“A beleza e a cor das imagens estimula minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo dos campos estimula o meu coração para dar glória a Deus”  (CIC, 1162).
“Como fazer a imagem do invisível? … Na medida em que Deus é invisível, não o represento por imagens; mas, desde que viste o incorpóreo feito homem, fazes a imagem da forma humana: já que o inviável se tornou visível na carne, pinta a semelhança do invisível”  (I 8 PG 94, 1237-1240).
“Outrora Deus, o Incorpóreo e invisível, nunca era representado. Mas agora que Deus se manifestou na carne e habitou entre os homens, eu represento o “visível” de Deus.  Não adoro a matéria, mas o Criador da matéria” (Ibid. I 16 PG 94, 1245s).
O Papa São Gregório Magno († 604), doutor da Igreja,  escreveu a Sereno, bispo de Marselha, que ordenou quebrar as imagens:
“Tu não devias quebrar o que foi colocado nas Igrejas não para ser adorado, mas simplesmente para ser venerado.  Uma coisa é adorar uma imagem, outra coisa é aprender, mediante essa imagem, a quem se dirigem as tuas preces.  O que a Escritura é para aqueles que sabem ler, a imagem o é para os ignorantes; mediante essas imagens aprendem o caminho a seguir.  A imagem é o livro daqueles que não sabem ler”  (epist. XI 13 PL 77, 1128c).
O Concílio de Nicéia II (787), com base nos sólidos argumentos de grandes teólogos como São João Damasceno, doutor da Igreja,  reafirmou a validade do culto de veneração (não adoração) das imagens.  O Concílio distinguiu entre Iatréia (em grego adoração), devida somente a Deus, e proskynesis (veneração), tributável aos santos e também às imagens sagradas na medida em que estas representam os santos ou o próprio Senhor; o culto às imagens é, portanto, relativo, só se explica na medida em que é tributado indiretamente àqueles que as imagens representam.  Assim se pronunciaram os padres conciliares:
“Definimos … que, como as representações da Cruz …, assim também as veneráveis e santas imagens, em pintura, em mosaico ou de qualquer outra matéria adequada, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus (sobre os santos utensílios e os paramentos, sobre as paredes e de quadros), nas casas e nas entradas.  O mesmo se faça com a imagem de Deus Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, com as da … santa Mãe de Deus, com as dos santos Anjos e as de todos os santos e justos.  Quanto mais os fiéis contemplarem essas representações, mais serão levados a recordar-se dos modelos originais, a se voltar para eles, e lhes testemunhar … uma veneração respeitosa, sem que isto seja adoração, pois esta só convém, segundo a nossa fé, a Deus” (sessão 7, 13 de outubro de 787; Denzinger-Schönmetzer, Enchridion Symbolorum nº 600s).
Note, então, que muito antes da Reforma Protestante, a Igreja já tinha estudado o uso das imagens; isto foi há cerca de 750 anos antes da Reforma.
A sagrada Tradição da Igreja, sempre assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo14,15.25; 16,12-13) sempre reconheceu o valor pedagógico e psicológico das imagens como um auxílio para a vida de oração.
Todos os santos da Igreja, em todas as épocas, valorizaram as imagens. Santa Teresa de Ávila († 1582), ao ensinar as vias da oração às suas Religiosas, dizia :
“Eis um meio que vos poderá ajudar… Cuidai de ter uma imagem ou uma pintura de Nosso Senhor que esteja de acordo com o vosso gosto. Não vos contenteis com trazê-las sobre o vosso coração sem jamais a olhar, mas servi-vos da mesma para vos entreterdes muitas vezes com Ele” (Caminho de Perfeição, cap. 43,1).
Enfim, Deus não proibiu imagens de maneira absoluta; mas proibiu imagens de ídolos para serem adorados. Sabemos que uma meia verdade é pior do que uma mentira. Não se pode interpretar a Bíblia lendo apenas alguns versículos sobre um determinado assunto; é preciso ler todos os versículos da Bíblia que falam do mesmo assunto  para que a interpretação seja correta.
O perigo da interpretação fundamentalista é este: fixar os olhos em um único versículo e querer tirar daí uma interpretação definitiva de uma verdade religiosa. Cai-se no erro.

Fonte:blog Prof. Felipe Aquino

IMAGENS E ÍDOLOS


Desde os primeiros séculos os cristãos pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos Santos e dos Anjos, não para adorá-las, mas para venerá-las. As catacumbas e as igrejas de Roma, dos primeiros séculos, são testemunhas disso. Só para citar um exemplo, podemos mencionar aqui o fragmento de um afresco da catacumba de Priscila, em Roma, do início do século III. É a mais antiga imagem da Santíssima Virgem, uma das mais antigas da arte cristã, sobre o mistério da Encarnação do Verbo. Mostra a imagem de um homem que aponta para uma estrela situada acima da Virgem Maria com o Menino nos braços. O Catecismo da Igreja traz uma cópia dessa imagem (Ed. de bolso, Ed. Loyola, pag.19).

Este exemplo mostra que desde os primeiros séculos os cristãos já tinham o salutar costume de representar os mistérios da fé por imagens, em forma de ícones ou estátuas. É o caso de se perguntar, então: Será que foram eles “idólatras” por cultuarem essas imagens? É claro que não? Eles foram santos, mártires, derramaram, muitos deles, o sangue em testemunho da fé. Seria blasfêmia acusar os primeiros mártires da fé de idólatras.

No século VIII, sob influência do judaísmo e do islamismo, surgiu um movimento herético que se pôs a combater o uso das imagens. Eram os iconoclastas. O grande e principal defensor do uso das imagens na época, foi o santo e doutor da Igreja S. João Damasceno (de Damasco), falecido em 749, o qual foi muito perseguido por se manter fiel e defensor dessa  santa Tradição cristã.

A fim de dirimir as dúvidas sobre a questão, o Papa Adriano I (772-795) convocou o II Concílio Ecumênico de Nicéia, que se realizou de 24/09 a 23/10/787. Assim se expressou o Concílio, resolvendo para sempre a questão:
“Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres, e da Tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como a representação da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, quanto a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos”  (Catecismo da Igreja Católica, nº 1161).

Essas palavras, por serem de um Concílio da Igreja, são ensinamentos oficiais e infalíveis, e não podemos colocá-los em dúvida. O grande S. João Damasceno dizia: “A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para meus olhos,  tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus “ (nº 1162).

O nosso Catecismo explica que: “A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova “economia” das imagens”( 1159).

S. Tomás de Aquino (1225-1274) também defendia o uso das imagens, afirmando: “O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem“(  2131).

Muitos querem incriminar a Igreja Católica, afirmando que ela desrespeita a ordem que Deus deu a Moisés : “não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo…” (Dt 4,15-16).
Os cristãos, desde os primeiros séculos, entenderam, sob a luz do Espírito Santo,  que Deus nunca proibiu  fazer imagens, e sim “ídolos”, deuses,  para adorar. O povo de Deus vivia na terra de Canaã, cercado de povos pagãos que adoravam ídolos em forma de imagens (Baals, Moloc, etc). Era isso que Deus proibia terminantemente. A prova de que  Deus nunca proíbiu imagens, é que  Ele próprio ordenou a Moisés que fabricasse imagens de dois Querubins e que também pintasse as suas imagens nas cortinas do Tabernáculo. Os querubins foram colocados sobre a Arca da Aliança.

“Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro… Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa … “ (Ex. 25,18s, Ex 37,7; 1 Rs. 6,23; 2 Cr. 3,10).
“Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido, de púrpura violeta sobre as quais alguns querubins serão artísticamente bordados” (Ex. 26,1.31).

Que fique claro, de uma vez por todas, Deus nunca proibiu imagens, e sim,  “fabricar imagens de deuses falsos” . O mesmo Deus mandou que, no deserto, Moisés fizesse uma imagem de uma serpente de bronze (Nm 21, 8-9), que prefigurava Jesus pregado na cruz (Jo 3,14). Também o rei Salomão, quando construiu o templo, mandou fazer querubins e outras imagens (I Rs 7,29). O culto que a Igreja Católica presta a Deus, e só a Deus, é um culto chamado “latria”, isto é, de adoração. Aos anjos e santos é um culto chamado “dulia”, de veneração. Maria, como Mãe de Deus recebe o culto de “hiper-dulia”, super-veneração digamos, mas que está muito longe da adoração devida só a Deus.

São Pedro, ao terminar a  segunda Carta falava do perigo daqueles que interpretavam erroneamente as Escrituras: “Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes  ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2 Pe 3,16).
 Infelizmente isto continua a acontecer com aqueles que querem dar uma interpretação individual à Palavra de Deus, sem autorização oficial da Igreja, levando multidões ao erro. Só a Igreja é a autêntica intérprete da Bíblia (cf.Dei Verbum,10), pois foi ela que, inspirada pelo Espírito do Senhor (Jo 16,12), a compôs.

As imagens, sempre foram, em todos os tempos, um testemunho da fé. Para muitos que não sabiam ler, as belas imagens e esculturas foram como que o Evangelho pintado nas paredes ou reproduzido nas esculturas. E assim há de continuar a ser.

É claro que o culto por excelência é prestado a Deus, mas isto não justifica que as imagens sejam retiradas das nossas igrejas. Ao contrário, elas nos lembram que aqueles que elas representam, chegaram à santidade por graça e obra do próprio Deus. Assim, as imagens, dão, antes de tudo, glória a Deus. Quando nos ajoelhamos diante de uma imagem de um santo, ou da Virgem Maria, não é para adorar a imagem ou o santo, mas para rezar a Deus, invocando a intercessão do santo.

Prof. Felipe Aquino – www.cleofas.com.br

O Papa que sempre renunciou!


Multiplicam-se as mensagens de apoio e afeto ao Santo Padre, o Papa Bento XVI, após o anúncio de sua renúncia, sobretudo por parte dos jovens. O Papa que foi calorosamente acolhido pela juventude no dia em que foi eleito como novo pontífice é agora mais uma vez aclamado pelo seu exemplo de fidelidade, amor e, principalmente, humildade.

Leia abaixo o emocionante artigo de um jovem de 23 anos sobre esse evento histórico para fé católica:
A verdadeira causa da renúncia do Papa.
Tenho 23 anos e ainda não entendo muitas coisas. E há muitas coisas que não se podem entender às 8 da manhã quando te dirigem a palavra para dizer com a maior simplicidade: "Daniel, o papa se demitiu". E eu de supetão respondi: "Demitiu?" A resposta era mais do que óbvia, "Quer dizer que renunciou, Daniel, o Papa renunciou!"
O Papa renunciou. Assim irão acordar inúmeros jornais da manhã, assim começará o dia para a maioria. Assim, de um instante para o outro, uns quantos perderão a fé e outros muitos fortalecerão a sua. Mas este negócio de o Papa renunciar é uma dessas coisas que não se entendem.
Eu sou católico. Um entre tantos. Destes católicos que durante sua infância foi levado à Missa, depois cresceu e foi tomado pelo tédio. Foi então que, a uma certa altura, joguei fora todas as minhas crenças e levei a Igreja junto. Porém a Igreja não é para ser levada nem por mim, nem por ninguém (nem pelo Papa). Depois a uma certa altura de minha vida, voltei a ter gosto por meu lado espiritual (sabe como é, do mesmo jeito como se fica amarrado na menina que vai à Missa, e nos guias fantásticos que chamamos de padres), e, assim, de forma quase banal e simples, continuei por um caminho pelo qual hoje eu digo: sou católico. Um entre muitos, sim, porém, mesmo assim, católico. Porém, quer você seja um doutor em teologia ou um analfabeto em escrituras (destes como existem milhões por aí), o que todo mundo sabe é que o Papa é o Papa. Odiado, amado, objeto de zombaria e de orações, o Papa é o Papa, e o Papa morre como Papa.
Por isto, quando acordei com a notícia, como outros milhões de seres humanos, nos perguntamos: por quê? Por que renuncias, senhor Ratzinger? Ficou com medo? Foi consumido pela idade? Perdeu a fé? Ganhou a fé? E hoje, depois de 12 horas, acho que encontrei a resposta: o Senhor Ratzinger renunciou, porque é o que ele fez a sua vida inteira.
É simples assim.
O Papa renunciou a uma vida normal. Renunciou a ter uma esposa. Renunciou a ter filhos. Renunciou a ganhar um salário. Renunciou à mediocridade. Renunciou às horas de sono, em troca de horas de estudo. Renunciou a ser um padre a mais, porém também renunciou a ser um padre especial. Renunciou a encher sua cabeça de Mozart, para enchê-la de teologia. Renunciou a chorar nos braços de seus pais. Renunciou a estar aposentado aos 85 anos, desfrutando de seus netos na comodidade de sua casa e no calor de uma lareira. Renunciou a desfrutar de seu país. Renunciou à comodidade de dias livres. Renunciou à vaidade. Renunciou a se defender contra os que o atacavam. Pois bem, para mim a coisa é óbvia: o Papa é um sujeito apegado à renúncia.
E hoje ele volta a demonstrá-lo. Um Papa que renuncia a seu pontificado, quando sabe que a Igreja não está em suas mãos, mas na de algo ou alguém maior, parece-me um Papa sábio. Ninguém é maior que a Igreja. Nem o Papa, nem os seus sacerdotes, nem seus leigos, nem os casos de pederastia, nem os casos de misericórdia. Ninguém é maior do que ela. Porém, ser Papa a esta altura da história, é um ato de heroísmo (destes que se realizam diariamente em meu país e ninguém os nota). Eu me lembro sem dúvida da história do primeiro Papa. Um tal... Pedro. Como foi que morreu? Sim, numa cruz, crucificado como o seu mestre, só que de cabeça para baixo.
Nos dias de hoje, Ratzinger se despede da mesma maneira. Crucificado pelos meios de comunicação, crucificado pela opinião pública e crucificado por seus próprios irmãos católicos. Crucificado à sombra de alguém mais carismático. Crucificado na humildade, essa que custa tanto entender. É um mártir contemporâneo, destes a respeito dos quais inventam histórias, destes que são caluniados, destes que são acusados, e não respondem. E quando responde, a única coisa que fazem é pedir perdão. "Peço perdão por minhas faltas". Nem mais, nem menos. Que coragem, que ser humano especial. Mesmo que eu fosse um mórmon, ateu, homossexual ou abortista, o fato de eu ver um sujeito de quem se diz tanta coisa, de quem tanta gente faz chacota e, mesmo assim, responde desta forma... este tipo de pessoas já não existe em nosso mundo.
Vivo em um mundo onde é divertido zombar do Papa, porém é pecado mortal fazer piada de um homossexual (para depois certamente ser tachado de bruto, intolerante, fascista, direitista e nazista). Vivo num mundo onde a hipocrisia alimenta as almas de todos nós. Onde podemos julgar um sujeito que, com 85 anos, quer o melhor para a Instituição que representa. Nós, porém, vamos com tudo contra ele porque, "com que direito ele renuncia?" Claro, porque no mundo NINGUÉM renuncia a nada. Como se ninguém tivesse preguiça de ir à escola. Como se ninguém tivesse preguiça de trabalhar. Como se vivesse num mundo em que todos os senhores de 85 anos estivessem ativos e trabalhando (e ainda por cima sem ganhar dinheiro) e ajudando a multidões. Pois é.
Pois agora eu sei, senhor Ratzinger, que vivo em um mundo que irá achá-lo muito estranho. Num mundo que não leu seus livros, nem suas encíclicas, porém que daqui a 50 anos ainda irá recordar como, com um gesto simples de humildade, um homem foi Papa e, quando viu que havia algo melhor no horizonte, decidiu afastar-se por amor à Igreja. Morra então tranquilo, senhor Ratzinger. Sem homenagens pomposas, sem corpo exibido em São Pedro, sem milhares chorando e esperando que a luz de seu quarto seja apagada. Morra então como viveu, embora fosse Papa: humilde.
Bento XVI, muito obrigado por suas renúncias.
Quero somente pedir minhas mais humildes desculpas se alguém se sentiu ofendido ou insultado com meu artigo. Considero a cada uma (mórmons, homossexuais, ateus e abortistas) como um irmão meu, nem mais nem menos. Sorriam, que vale a pena ser feliz.

Fonte:Blog Pe Paulo Ricardo

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A Igreja não acreditava que o escravo tivesse alma?


 
No Programa “Fantástico” da Rede Globo, de domingo 21 out 07, foi dito que a Igreja aceitava a escravidão porque acreditava que os escravos não tinham alma. Ora, isto não é verdade, pelo que mostraremos adiante.
A escravidão é tão antiga quanto o ser humano. Em principio, estava associada às guerras em quase todos os povos; os vencidos eram feitos escravos, na Grécia, em Roma, mas também entre os incas e astecas do México antigo. O guerreiro vencido ser tornava propriedade do vencedor. Entre muitos povos também se tornava escravo do credor quem não pudesse pagar as suas dívidas, vendia a sua pessoa ou os seus filhos e familiares ao credor. Na Grécia praticava-se o rapto, especialmente de crianças, e as crianças abandonadas pelos pais podiam ser recolhidas como escravos. No período áureo de Atenas, havia na Grécia 15% de homens livres e 85% de escravos. Na Mesopotâmia havia escravos de certo nível cultural, eram prisioneiros de guerra, como muitos judeus deportados para a Babilônia no ano 570 a.C.. No Império Romano, os escravos faziam trabalhos domésticos, e podiam ter funções administrativas e burocráticas e até em altos cargos.Em alguns lugares os escravos podiam trabalhar por conta própria, pagando ao patrão uma parte do que ganhavam e juntar algum dinheiro para comprar a sua liberdade. Nos séculos II-I a.C. em Roma a escravatura atingiu o auge.  Todas as atividades como agricultura, indústria, comércio, construção civil e outras atividades da civilização antiga dependiam da escravatura; sem isto  nem a vida pública nem a doméstica se sustentariam no Império Romano, pode-se dizer que a sociedade romana se baseava sobre o trabalho escravo. Querer abolir a escravidão na Antiguidade equivaleria a querer acabar com o trabalho assalariado de nossos dias; a sociedade pararia de funcionar.
Isto explica porque o Cristianismo, embora ensinasse a igualdade de todos os homens (cf. Gl 3,28; Rm 10, 12; Cl 3,11; 1Cor 12, 13), não tenha podido e conseguido acabar de imediato com a escravatura no Império Romano.  É bom lembrar que a própria Bíblia no Antigo Testamento, dentro do contexto da moral do tempo,  reconhecia a escravidão de estrangeiros (cf. Lv 25, 44-55).
Tudo isso constituía uma mentalidade de peso, um forte traço da cultura da época. Note que entre certos povos a escravidão existiu até o século XX; por exemplo, somente em 1962 foi oficialmente abolida na Arábia Saudita. Um relatório apresentado em 1955 em sessão da ONU asseverava a existência de indícios de escravidão e práticas semelhantes ainda em determinadas regiões, como a península arábica, o Sudeste asiático, a África e a América do Seul.  Recentemente espalharam-se notícias de que o Sudão (África) tem plena vigência a escravatura.
O Apóstolo São Paulo dava instruções a senhores e escravos a fim de que convivessem em harmonia. (cf; Ef 6, 5-9; Cl 3, 22-41; 1Cor 7, 21-23; Tt 2,9s); o escravo Onésimo, fugitivo do seu senhor Filemon, e depois batizado por São Paulo, foi devolvido pelo Apóstolo a seu patrão com uma Carta, que pedia desse um tratamento fraterno para o escravo cristão. Nas palavras de São Paulo a Filemon se vê com facilidade que ele amava o escravo como um ser humano, e não como alguém que não tivesse alma; e isto já por volta do ano 50.
O Concílio de Nicéia (ano 325), o primeiro que a Igreja realizou, afirma que escravos haviam sido admitidos ao sacerdócio.
O Papa S. Calisto, do ano 217, por exemplo,  foi um escravo liberto. Ora, como a Igreja poderia ter acreditado, então, que o escravo não tinha alma? Muitos fatos históricos mostram que a Igreja sempre defendeu e protegeu os  escravos, exatamente por ver neles filhos de Deus dotados de alma imortal.
Existia na Igreja a Ordem da SS. Trindade, desde 1198, e a dos Mercedários ou Nolascos desde 1222, destinadas a redimir os cativos detidos pelos Sarracenos. (cf. História de Portugal, vol. IV, Damião Peres (Dir.) Barcellos, Portucalense Editora 1932, p. 565).
Por acaso São Benedito (1526-1589), o santo negro, o Mouro, não foi  descendente de escravos? Como a Igreja poderia canonizar um santo negro se não acreditasse que ele tem alma?
Em uma Carta do Papa João VIII, datada de setembro de 873 e dirigida aos Príncipes da Sardenha, ele diz:“Há uma coisa a respeito da qual desejamos admoestar-vos em tom paterno; se não vos emendardes, cometereis grande pecado, e, em vez do lucro que esperais, vereis multiplicadas as vossas desgraças. Com efeito; por instituição dos gregos, muitos homens feitos cativos pelos pagãos são vendidos nas vossas terras e comprados por vossos cidadãos, que os mantêm em servidão. Ora consta ser piedoso e santo, como convém a cristãos, que, uma vez comprados, esses escravos sejam postos em liberdade por amor a Cristo; a quem assim proceda, a recompensa será dada não pelos homens, mas pelo mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo. Por isto exortamo-vos e com paterno amor vos mandamos que compreis dos pagãos alguns cativos e os deixeis partir para o bem de vossas almas” (Denzinger-Schönmetzer, Enquirídio dos Símbolos e Definições nº 668).
O Papa Pio II, em 7 de outubro de 1462, condenou o comércio de escravos como magnum scelus (grande crime).
O Papa Pio VII (1800-1823) enviou uma Carta ao Imperador Napoleão Bonaparte da França, em protesto contra os maus tratos a homens vendidos como animais, onde dizia: “Proibimos a todo eclesiástico ou leigo apoiar como legítimo, sob qualquer pretexto, este comércio de negros ou pregar ou ensinar em público ou em particular, de qualquer forma, algo contrário a esta Carta Apostólica” (citado por L. Conti, “A Igreja Católica e o Tráfico Negreiro”, em ‘O Tráfico dos Escravos Negros nos séculos XV-XIX”. Lisboa 1979, p. 337).
O mesmo Sumo Pontífice se dirigiu a D. João VI de Portugal nos seguintes termos:“Dirigimos este ofício paterno à Vossa Majestade, cuja boa vontade nos é planamente conhecida, e de coração a exortamos e solicitamos no Senhor, para que, conforme o conselho de sua prudência, não poupe esforços para que… o vergonhoso comércio de negros seja extirpado para o bem da religião e do gênero humano”.Pio VII também muito se empenhou para que no Congresso Internacional de Viena (1814-15) a instituição da escravatura fosse condenada e abolida
O famoso bispo de Chiapa, na América,  Frei Bartolomeu de las Casas (1474-1566), levantou-se em defesa dos índios contra sua escravidão. No início do século XVI o dominicano Domingos de Minaja viajou da América Espanhola a Roma, a fim de relatar ao Papa Paulo III (1534-1549) os abusos ocorrentes com relação aos índios. Em conseqüência, o Pontífice escreveu a Bula “Veritas Ipsa” (1537), onde condena a escravidão:“O comum inimigo do gênero humano, que sempre se opõe as boas obras para que pereçam, inventou um modo, nunca dantes ouvido, para estorvar que a Palavra de Deus não se pregasse as gentes, nem elas se salvassem. Para isso moveu alguns ministros seus que, desejosos de satisfazer as suas cobiças, presumem afirmar a cada passo que os índios das partes ocidentais e meridionais e as mais gentes que nestes nossos tempos tem chegado à nossa notícia, hão de ser tratados e reduzidos a nosso serviço como animais brutos, a título de que são inábeis para a Fé católica, e, com pretexto de que são incapazes de recebe-la, os põem em dura servidão em que têm suas bestas, apenas é tão grande como aquela com que afligem a esta gente. Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios a todas as mais gentes que aqui em diante vierem a noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos a servidão”.
Neste texto merece atenção especial a menção de índios e “das mais gentes”, que são os africanos. A uns e outros Paulo III quer defender. Por isto acrescenta:“Pelo teor das presentes determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as mais gentes que daqui em diante vierem à notícia dos cristãos, ainda que estejam fora da fé cristã, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do domínio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão”.

Essa Bula de Paulo III teve grande efeito, tanto assim que a  30 de julho de 1609 El-Rey promulgou lei que abolia por completo a escravidão indígena: “Declaro todos os gentios daquelas partes do Brasil por livres, conforme o direito e seu nascimento natural, assim os que já foram batizados e reduzidos a nossa Santa fé católica, como os que ainda servirem como gentios, conforme a pessoas livres como são”.
Aos 24.4.1639 o Papa Urbano VIII (1623-1644) publicou o Breve “Commissum Nobis”, incutindo a liberdade dos índios da América. No seu Breve, o Papa ordenava, sob pena de excomunhão reservada ao Pontífice, que ninguém prendesse, vendesse, trocasse, doasse ou tratasse como cativos os índios da terra. Dispunha ainda que a ninguém seria lícito ensinar ou apregoar o aprisionamento dos mesmos. Por causa disso, revoltaram-se os colonos no Rio de Janeiro,
em São Paulo, em Santos e no Maranhão. Os Jesuítas foram perseguidos, sendo expulsos de São Paulo, Santos e do Maranhão, para onde só puderam voltar tempos depois.
Por outro lado, o segundo bispo do Brasil, D. Pedro Leitão (1559-1573), assinou aos 30.7.1566 na Bahia, com o Governador Mem de Sá e o Ouvidor Dr. Brás Fragoso, uma junta em defesa dos índios; defendia-os contra os abusos dos brancos e dava maior apoio aos aldeamentos instaurados pelos jesuítas.
O famoso Pe. Antônio Vieira (1608-1697), por vezes considerado como aliado dos senhores da terra contra os escravos, na verdade assumiu posição de censura aberta aos patrões. Disse ele:“Saibam as pretos, e não duvidem, que a mesma Mãe de Deus é Mãe sua… porque num mesmo Espírito fomos batizados todos nós para sermos um mesmo corpo, ou sejamos judeus ou gentios, ou servos ou livres” (Sermão XIV).
“Nas outras terras, do que aram os homens e do que fiam e tecem mulheres se fazem os comércios: naquela (na África) o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende e compra. Oh! trato desumano, em que a mercancia são homens! Oh! mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias e as riscos são das próprias! “ (Sermão XXVII).
“Os senhores poucos, e os escravos muitos, os senhores rompendo galas, os escravos despidos e nus; os senhores banqueteando, os escravos perecendo à fome, os senhores nadando em ouro e prata, os escravos carregados de ferros, os senhores tratando-os como brutos, os escravos adorando-os e temendo-os como deuses. /…/ Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com a sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem como os nossos? Não respiram com a mesmo ar? Não os cobre o mesmo. céu? Não os aquenta o mesmo sol? Que estrela é logo aquela que as domina, tão cruel?”. (Sermão XXVII sobre o Rosário, in Sermões, vol 12, Porto, 1951, p.333-371)
Na Bula “Immensa Pastorum”, de 1741, o Papa Bento XIV (1740-1758) condenou a escravidão.
O Papa Gregório XVI (1831-1846) em 3.12.1839 disse: “Admoestamos os fiéis para que se abstenham do desumano tráfico dos negros ou de quaisquer outros homens que sejam “.
O Papa Leão XIII (1878-1903), disse na Carta “In Plurimis”, em 5.5.1888 aos bispos do Brasil:“E profundamente deplorável a miséria da escravidão a que desde muitos séculos está sujeita uma parte não pequena da família humana”.
O papel da lgreja frente à escravatura preparou a libertação dos escravos, assinada finalmente em 13/05/1888 pela Regente, Princesa Isabel. A fim de comemorar este evento, o Papa Leão XIII enviou à Princesa a Rosa de Ouro, sinal de distinção e benevolência de Sua Santidade.
Não fosse cansativo para os leitores poderíamos ainda encher páginas e mais páginas mostrando o belo trabalho da Igreja na defesa dos índios e dos negros. Mas creio que bastam os fatos citados para desmentir o anunciado pelo Programa Fantástico.
Bibliografia utilizada neste artigo: Revista “Pergunte e Responderemos”, Dom Estevão Bettencourt: N. 448/1999 – pg. 399-409; Nº 318 – Ano 1988 – Pág. 509; N. 267/1983, pp. 106-132; N.  274/1984, pp. 240-247.
Terra, João Evangelista Martins, “A Igreja e o Negro no Brasil”. Ed. Loyola 1983.
Bíblia, Igreja e Escravidão. Coordenador João Evangelista Martins Terra S. J. Ed. Loyola 1983.
Carvalho, José Geraldo Vidigal, “A Escravidão. Convergências e Divergências”. Ed. Folha de Viçosa, 1988.
Carvalho, José Geraldo Vidigal, “A Igreja e a Escravidão. As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos”. Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, Rio de Janeiro, 1988.
Balmes, Jaime, “A Igreja Católica em face da Escravidão”, São Paulo 1988.
Prof. Felipe Aquino

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Mulheres Sofridas


Em minhas viagens pelo Brasil e exterior, pregando retiros e aprofundamentos, bem como em meu trabalho pastoral, tenho encontrado muitas mulheres que carregam um grande sofrimento.
São muitos casos: algumas foram traídas por seus esposos e abandonadas numa dura realidade; outras que vivem na solidão porque o marido já se foi para a eternidade e não têm um respaldo familiar; outras vivem um casamento difícil onde o relacionamento com o marido é complicado, tanto no aspecto conjugal quanto sexual; e assim por diante.
Recebo muitos e-mails de mulheres que, de repente, sentem o seu mundo desabar, o seu casamento acabar e o chão sumir debaixo dos seus pés. Elas me falam de uma dor que jamais sentiram.
Muitas delas são pegas de surpresa; achavam que tudo estava indo bem no casamento, não desconfiavam de nada de errado; mas, quando menos esperam, a casa cai. Outras já esperavam por isso carregando uma cruz há muito tempo.
São muitas as perguntas que me fazem:
Por quê? Onde errei? O que fazer agora? Devo perdoar?
Há esperança de reconciliação com meu marido?
Devo me separar e tentar conseguir a Declaração de Nulidade do casamento no Tribunal da Igreja?
Posso me casar com outra pessoa?
Posso me Confessar e Comungar vivendo uma segunda união sem o sacramento do matrimônio?
Como divorciada, posso continuar minha vida religiosa na Igreja, recebendo os sacramentos e trabalhando nas pastorais?
Escrevi este livro  para responder algumas dessas perguntas e tentar ajudar a  tantas mulheres sofridas.
Vamos refletir sobre essas questões delicadas e difíceis à luz dos ensinamentos da Igreja Católica, na tentativa de levar auxílio e conforto a essas mulheres.
Quero dar uma atenção especial às mulheres traídas e abandonadas por seus maridos. Muitos são os problemas que podem levar os maridos a trair as esposas: uma outra mulher mais atraente e mais meiga; quem sabe mais nova e mais bonita (os homens são arrastados pela beleza física e pelo corpo da mulher!), as discussões conjugais sobre dinheiro, problemas familiares, educação dos filhos, moda, críticas, reprovações, invejas, ciúmes, orgulho,  etc. Muitas vezes encontramos mágoas profundas em ambos, ressentimentos não curados, crises acumuladas…
Sobre tudo isso já escrevi vários livros que podem ser consultados: – Sereis uma só carne, Vida sexual no casamento, Problemas no casamento (Editora Cléofas)
Mas há também muitos outros casos de mulheres abandonadas, e que não foram traídas em seu casamento. Temos aquelas que vivem debaixo do mesmo teto com o seu esposo, mas que não deixam de viver “abandonadas” pela falta de atenção, de carinho, de maus tratos, negligência e displicência do marido, e outros problemas.
Não podemos esquecer também de muitas mulheres que são de certa forma abandonadas, talvez por causa de uma viuvez para a qual não estavam preparadas.
Há muitas mulheres viúvas e felizes, vivendo bem no seio da família, dos filhos, netos e ajudando nas obras da Igreja; mas não podemos esquecer que muitas delas vivem na solidão e no abandono; como eu já pude verificar.
Também a elas gostaria de dizer-lhes uma palavra. Recentemente preguei um Retiro para viúvas e fiquei surpreso pelo grande número delas que compareceu.
Não é nossa pretensão oferecer a todas as mulheres que sofrem uma solução mágica para o difícil problema do abandono, da traição ou outros casos; anima-nos apenas a esperança cristã de que “para Deus nada é impossível” e que é necessário retomar o caminho da vida para reconstruir aquilo que desmoronou. Enquanto houver vida há  esperança.
Para isso será preciso contar, sobretudo com a confiança em Deus e sua graça, o apoio da comunidade cristã e dos bons amigos e amigas. Assim, retomar a vida, cuidar dos filhos e netos, continuar a trabalhar e servir a Deus com amor.
Deus não quer ver nenhuma de suas filhas sem rumo, como uma ovelha desgarrada, abandonada e maltratada.
A vida é o maior dom de Deus e mesmo sofrida e maltratada não pode ser desprezada e desvalorizada. Seria uma ofensa ao Criador.
Cada um de nós traz na alma a sagrada imagem e semelhança de Deus; por isso não podemos abrir mão de nossa dignidade, valor e grandeza. Somos filhos de Deus. Como disse o evangelista São João:
“Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,  os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus”. (Jo 1, 12-13)

Por outro lado, é importante refletir com todas as mulheres casadas sobre alguns pontos importantes para se evitar a tristeza de uma traição e de uma separação.
Muitas mulheres só percebem que estavam fazendo algumas coisas erradas no casamento, depois da separação. Então, vamos meditar um pouco sobre isso também, para evitar que o pior aconteça.
Portanto, escrevi o livro, “Mulheres Sofridas” não somente para as mulheres sofridas, mas para todas que estão casadas e se preocupam com a estabilidade do seu lar e do seu casamento.
A vida conjugal deve ser alimentada continuamente no amor recíproco dos cônjuges para que seja feliz e duradoura.
Recomendamos esta obra a Jesus, Maria e José, rogando-lhes que abençoe todas as mulheres que foram de certa forma abandonadas, para que encontrem na fé a esperança de viver melhor.
Prof. Felipe Aquino

Legado de Bento XVI


 
Bento XVI nos deixou um legado imenso, rico e indispensável:
1 – Não teve medo de enfrentar a “ditadura do relativismo”, que nega a verdade e ensina que cada um faz a sua,  destrói a família e a sociedade. O Papa é o paladino e arauto da verdade que salva (cf. Catecismo §851).
2 – Deixou-nos três encíclicas fundamentais: Deus caritas est, Spes salvi e Caritas in veritate, que precisam ser estudadas detalhadamente. Proferiu muitas homilias, discursos, catequeses, visitas apostólicas, viagens internacionais, encíclicas, cartas, motu próprios, etc., de imenso valor.
3 – Abriu um diálogo profundo com os intelectuais, especialmente os ateus, com o Programa “Pátio dos Gentios”, levando o debate com os ateus nas maiores universidades do mundo, buscando quebrar a mentira de que entre a ciência e a fé há uma dicotomia.
4 – Deixou-nos uma quantidade imensa de excelentes livros, especialmente a série Jesus de Nazaré, escrita durante o pontificado.
5 – Enfrentou sem medo e sem meias palavras a herética teologia da libertação marxista, não tendo receio de pedir aos bispos do Brasil, em 05/10/2010, que a eliminem em suas dioceses tendo em vista o seu grande perigo a Igreja e para a fé do povo. Disse o Papa: “As suas sequelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas.”
6 – Não teve medo de enfrentar as acusações de recebeu de ter sido omisso diante dos casos de pedofilia, agindo com energia para corrigir o problema. Não se curvou diante de tantas blasfêmias contra ele, como a famigerada peça de teatro da PUC de São Paulo (Decapitando o Papa).
7 – Durante 25 anos como Prefeito da Congregação da Fé do Vaticano, enfrentou as heresias e os hereges de nosso tempo, tendo de sofrer as criticas e ofensas desses hereges apoiados pela mídia secular.
8 – Não se curvou diante de um feminismo vazio, interno à Igreja, e de um modernismo  que quis lhe impor a quebra do celibato sacerdotal, a aceitação da ordenação de mulheres e outro erros.
9 – Tal como um novo São Bento de Núrcia, deu início ao reerguimento do Ocidente.
10 – Soube sabiamente interpretar e defender o Concílio Vaticano II dos ataques que recebeu tanto dos ultraconservadores como dos abusos dos ultramodernos.

Prof.Felipe Aquino

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Algumas reflexões sobre renúncia de Bento XVI




FONTE: Jornal do Brasil


        Com a inaudita e corajosa decisão do papa Bento XVI de renunciar, “pelo bem da Igreja... consciente de não ser mais capaz de exercitar o ministério petrino com a força que este exige”, deu-se início, quase que ao mesmo tempo, como é compreensível, às especulações sobre o seu sucessor.



Como sempre acontece às vésperas de uma tão singular votação, buscam-se chaves interpretativas para tentar desvendar os critérios que os cardeais utilizarão para emitir os seus votos na Capela Sistina, e assim poder determinar quem são os “papáveis” entre os membros do colégio cardinalício. Muitas das tais chaves se inspiram na política secular, procurando razões de cunho sociológico, geográfico ou racial. Um exemplo disso é querer dividir as tendências dos votos dos cardeais entre liberais e conservadores.



Outro erro é cair no clichê muito difundido em alguns meios – fruto de lendas negras, cujas raízes remontam ao início da Idade Moderna – de que o Vaticano é movido por uma lógica de poder e dominação, em que cardeais inescrupulosos maquiavelicamente fazem alianças e propõem nomes para a eleição, com o fim de aumentar e perpetuar a sua influência. Evidentemente, o Conclave não é um romance de Dan Brown. Igualmente equivocado estará aquele que acreditar que a escolha do próximo papa estará condicionada por uma nacionalidade qualquer, ou pela cor da pele do candidato. Todas estas visões são reducionismos que dificilmente dão conta de explicar a complexa missão de eleger o próximo chefe da Igreja Católica.



Os cardeais são conscientes da sua função de eleger aquele que representará, para milhões de católicos espalhados pelo mundo, Jesus Cristo. Sabem que esta escolha incidirá sobre a vida de todos os fiéis e, querendo ou não, marcará a história. E, por mais que em seus ministérios particulares um ou outro cardeal possa demonstrar um estilo mais ou menos, digamos, “fora do padrão”, ou que agrade mais a liberais ou a conservadores, não se pode esquecer que na Capela Sistina não há influência da opinião pública, ou seja, os cardeais não terão que tentar agradar às massas e muito menos ter que dar contas de seu voto a ninguém a não ser a Deus.



Dito isto, também é necessário lembrar que os cardeais são seres humanos. E, dando por descontado que se deixam iluminar pelas suas experiências de fé para poderem escolher bem o próximo papa, sabem que não basta ficar rezando, esperando que um anjo apareça indicando o nome a ser escolhido. A ação do Espírito Santo, assim afirmam os teólogos, não exclui, antes bem exige, juízos e raciocínios para tentar encontrar quem será o melhor papa para a Igreja. E, neste juízo, há – e não poderia ser diferente – elementos políticos.



As primeiras listas de “papáveis” que têm sido publicadas são relativamente pequenas. Coincidem em mais ou menos 10 candidatos. Alguns se aventuram a dizer pode ser a hora de um papa africano, outros dizem que é a hora de um latino-americano. Outros ainda dizem que, desta vez, o trono de Pedro voltará a ser ocupado por um italiano. O que dizer?



Um papa africano? Fala-se do cardeal. Tukson, de Gana. Entretanto, deve-se dizer que aqueles que auguram a eleição de um africano imaginam que este, pelo simples fato de vir de um país que segundo uma dialética de inspiração marxista foi oprimido pelos europeus, teria que ser necessariamente um liberal anticapitalista. Contudo, repassando as biografias dos cardeais que provêm da África (Tukson incluído) pode-se perceber que estes são muito mais “conservadores” do que a maioria dos europeus. Basta lembrar, analogamente, no caso da Comunhão Anglicana, o absoluto rechaço dos bispos africanos à ordenação de mulheres ou à aceitação das práticas homossexuais.



Um papa latino-americano? Certamente, se comparada com a África, a América Latina oferece muito mais candidatos a quem, segundo os critérios midiáticos, poder-se-ia taxar de liberal (sobretudo pela não tão longínqua influência que a chamada Teologia da Libertação exerceu na formação de muitos eclesiásticos). Entretanto, não parece que exista nenhuma figura que possa concentrar a atenção da maioria dos cardeais. O arcebispo de Tegucigalpa, o cardeal salesiano Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, já apontado como forte candidato no Conclave de 2005, desgastou-se muito com a posição assumida durante o impasse político em Honduras, que viu o ex-presidente Manuel Zelaya refugiar-se por vários meses na embaixada brasileira neste país.



Entre os brasileiros, talvez o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, possa ter alguma chance, uma vez que trabalhou durante muitos anos no Vaticano, antes de ser Bispo, e é muito respeitado na Cúria Romana. Há também dom João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e membro ativo do movimento dos Focolares, movimento fundado por Chiara Lubrich, com o carisma de quem buscava a unidade pelo diálogo, e que é uma força crescente na Cúria Romana. Contudo, dom João foi criticado por alguns pelo modo como geriu a crise com as religiosas americanas “não sintonizadas” com Roma. Para alguns, ele teria sido muito condescendente. Para outros, talvez isso possa ser considerado não como uma crítica mas como uma virtude.



Um norte-americano? São dois os candidatos: Timothy Michael Dolan, arcebispo de Nova York. É um dos personagens religiosos mais importantes dos EUA no momento. Basta lembrar que foi chamado para fazer uma oração tanto no Congresso dos Democratas como no dos Republicanos. Além disso, é relativamente jovem e sabe utilizar a linguagem dos meios de comunicação, algo em falta no Vaticano, nos últimos anos. O outro candidato seria o canadense Marc Ouellet, prefeito para a Congregação para os Bispos. Trata-se de um forte candidato. É responsável pelo departamento da Cúria Romana que ajuda o papa a nomear os bispos pelo mundo. Foi arcebispo de Québec, onde deixou um grande legado religioso, em um país onde a Igreja Católica se encontra em profunda crise. Antes de ser bispo, foi missionário na Venezuela, pelo que conhece bem a América Latina. Fala diversas línguas.



Os italianos? Como sempre, aparecem como favoritos. E esta é também a dificuldade: são muitos os favoritos. Sem dúvida, entre todos, o nome que mais de destaca é o de Ângelo Scola, arcebispo de Milão. É intelectualmente próximo do Movimento Comunhão e Libertação, fundado por Luigi Giusani, e possui fortes laços com a política italiana. Ao mesmo tempo, Scola é muito próximo do pensamento de Bento XVI (que por sua vez tem muitos pontos de contato – ainda que por vias diversas – com o pensamento de Giusani). Foi nomeado em 2011 para pastor de Milão, a maior diocese italiana. Milão, historicamente, sempre quis manter uma identidade própria frente a Roma. De fato, possui um rito próprio, o ambrosiano, que remete a Santo Ambrósio, o qual no século IV foi um dos responsáveis pela conversão de Santo Agostinho.



Desta sede era bispo Luciano Montini, futuro Paulo VI. Contudo, sim, é verdade que nos últimos 20 anos os arcebispos de Milão foram considerados como antagonistas do bispo de Roma. Para além dos exageros dessa visão simplista, não se pode negar que tanto o cardeal Martini como o cardeal Tetamanzi foram tidos como vozes mais alinhadas, em alguns pontos, com aquilo que muitos denominam de "Igreja progressista”. No caso de Scola, entretanto, parece ser mais bem o contrário.



Conclusão: é difícil saber quem será o eleito pelo Conclave. Contudo, prestando atenção às palavras de Bento XVI, tanto no seu surpreendente discurso do dia 11, quando anunciou a sua renúncia, como no discurso da última quarta-feira – quando pela primeira vez falou em público de sua decisão –duas ideias parecem claras quanto àquilo que os cardeais deverão ter em conta: que o novo papa terá que ser mais jovem e deverá ser capaz de enfrentar os desafios de conduzir uma Igreja que ainda busca encontrar o seu posto numa sociedade secularizada, e que já não entende por que um homem como o papa pode renunciar sem que seja forçado por uma grave doença ou por forças ocultas, mas somente motivado por uma profunda coragem, humildade, amor à Igreja e, sem dúvidas, por uma invejável liberdade interior.



Como viver bem a Quaresma?


 
Vivendo o tempo especial da Quaresma
Neste tempo especial de graças que é a Quaresma devemos aproveitar ao máximo para fazermos uma renovação espiritual em nossa vida. O Apóstolo São Paulo insistia: “Em nome de Cristo vos rogamos: reconciliai-vos com Deus!” (2 Cor 5, 20);  “exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. Pois ele diz: Eu te ouvi no tempo favorável e te ajudei no dia da salvação (Is 49,8). Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação.” (2 Cor 6, 1-2).
Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Daí surgiu a Quaresma.
Na Quarta-Feira de Cinzas, quando ela começa, os sacerdotes colocam um pouquinho de cinzas sobre a cabeça dos fiéis na Missa. O sentido deste gesto é de lembrar que um dia a vida termina neste mundo, ”voltamos ao pó” que as cinzas lembram. Por causa do pecado, Deus disse a Adão: “És pó, e ao pó tu hás de tornar”. (Gênesis 2, 19)
Este sacramental da Igreja lembra-nos que estamos de passagem por este mundo, e que a vida de verdade, sem fim, começa depois da morte; e que, portanto, devemos viver em função disso. As cinzas humildemente nos lembram que após a morte prestaremos  contas de todos os nossos atos, e de todas as graças que recebemos de Deus nesta vida, a começar da própria vida, do tempo, da saúde, dos bens, etc.
Esses quarenta dias, devem ser um tempo forte de meditação, oração, jejum, esmola (“remédios contra o pecado”). É tempo para se meditar profundamente a Bíblia, especialmente os Evangelhos, a vida dos Santos, viver um pouco de mortificação (cortar um doce, deixar a bebida, cigarro, passeios, churrascos,  a TV, alguma diversão, etc.) com a intenção de fortalecer o espírito para que possa vencer as fraquezas da carne.

Na Oração da Missa de Cinzas a Igreja reza: “ Concedei-nos ó Deus todo poderoso, iniciar com este dia de jejum o tempo da Quaresma para que a penitência nos fortaleça contra o espírito do Mal.”
Sabemos como devemos viver, mas não temos força espiritual para isso. A mortificação fortalece o espírito. Não é a valorização do sacrifício por ele mesmo, e de maneira masoquista, mas pelo fruto de conversão e fortalecimento espiritual que ele traz; é um meio, não um fim.
Quaresma é um tempo de “rever a vida” e abandonar o pecado (orgulho, vaidade, arrogância, prepotência, ganância, pornografia, sexismo, gula, ira, inveja, preguiça, mentira, etc.). Enfim, viver o que Jesus recomendou: “Vigiai e orai, porque o espírito é forte mas a carne é fraca”.
Embora este seja um tempo de oração e penitência mais profundas, não deve ser um tempo de tristeza, ao contrário, pois a alma fica mais leve e feliz. O prazer é satisfação do corpo, mas a alegria é a satisfação da alma.
Santo Agostinho dizia que “o pecador não suporta nem a si mesmo”, e que “os teus pecados são a tua tristeza; deixa que a santidade seja a tua alegria”. A verdadeira alegria brota no bojo da virtude, da graça; então, a Quaresma nos traz um tempo de paz, alegria e felicidade, porque chegamos mais perto de Deus.
Para isso podemos fazer uma Confissão bem feita; o meio mais eficaz para se livrar do pecado. Jesus instituiu a Confissão em sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (Jo 20,22) dizendo-lhes: “a quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.
Jesus quis que nos confessemos com o Sacerdote da Igreja, seu ministro, porque ele também é fraco e humano, e pode nos compreender, orientar e perdoar pela autoridade de Deus. Especialmente aqueles que há muito não se confessam, têm na Quaresma uma graça especial de Deus para se aproximar do Confessor e entregar  a Cristo nele representado, as suas misérias.
Uma prática muito salutar que a Igreja nos recomenda  durante a Quaresma, uma vez por semana, é fazer o exercício da Via Sacra, na igreja, recordando e meditando a Paixão de Cristo e todo o seu sofrimento para nos salvar. Isto aumenta em nós o amor a Jesus e aos outros.
Não podemos esquecer também que a Santa Missa é a prática de piedade mais importante da fé católica, e que dela devemos participar, se possível, todos os dias da Quaresma. Na Missa estamos diante do Calvário, o mesmo e único Calvário. Sim, não é a repetição do Calvário, nem apenas a sua “lembrança”, mas a sua “presentificação”; é a atualização do Sacrifício único de Jesus. A Igreja nos lembra que todas as vezes que participamos bem da Missa, “torna-se presente a nossa redenção”.
Assim podemos viver bem a Quaresma e participar bem da Páscoa do Senhor, enriquecendo a nossa alma com as suas graças extraordinárias; podendo ser melhor e viver melhor.
Prof. Felipe Aquino

Por que a Quaresma?


 
Vivendo o tempo da Quaresma
Desde os primórdios do Cristianismo a “Quaresma marcou para os cristãos um tempo de graça, oração, penitência e jejum, afim de obter a conversão. Ela nos faz lembrar as palavras do Mestre divino: “Se não fizerdes penitência, todos perecereis” (Lc 13,3).
Esses quarenta dias que precedem a Semana Santa, são colocados pela Igreja para que cada um de nós se prepare para a maior de todas as Solenidades litúrgicas do ano, a Páscoa, a grande celebração da Ressurreição de Jesus, a vitória Dele e nossa sobre o Mal, sobre o pecado, sobre a morte e sobre o inferno.  
A celebração litúrgica não é mera lembrança do passado, algo que aconteceu com Jesus e passou, não. Jesus está presente na Liturgia. O Catecismo diz que: “Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção.” (§1069). Isto é, pela Liturgia da Igreja Ele continua a nos salvar, especialmente pelos Sacramentos, e faz tornar presente a nossa redenção.
Mas, para que o cristão possa se beneficiar dessa celebração precisa estar preparado, com a alma purificada e o coração sedento de Deus. A Igreja recomenda sobretudo que vivamos aquilo que ela chama de “remédios contra o pecado” (jejum, esmola e oração), que Jesus recomendou no Sermão da Montanha (Mt 6, 1-8) e que a Igreja nos coloca diante dos olhos logo na Quarta-feira de Cinzas, na abertura da Quaresma.
A meta da Quaresma é a expiação dos pecados; pois eles são a lepra da alma. Não existe nada pior do que o pecado para o homem, a Igreja e o mundo.

Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm com objetivo de livrar-nos do pecado. O jejum fortalece o espírito e a vontade para que as paixões desordenadas, especialmente aquelas que se referem ao corpo (gula, luxúria, preguiça), não dominem a nossa vida e a nossa conduta. A esmola socorre o pobre necessitado e produz em nós o desapego e o despojamento dos bens terrenos; isto nos ajuda a vencer a ganância e o apego ao dinheiro. A oração fortalece a alma no combate contra o pecado. Jesus recomendou na noite de sua agonia: “Vigiai e orai, o espírito é forte mas a carne é fraca”. A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada do jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tb 12, 8-9).
“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados”(Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti para te livrar de todo o mal” ( Eclo 29,15).
Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26,41a); “Pedi a se vos dará” (Mt 7,7) . E São Paulo recomendou: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).
Quaresma é pois tempo de rompimento total com o pecado. Alguns pensam que não têm pecado, se julgam irrepreensíveis, como aquele fariseu da parábola que desprezava o pobre publicano (Lc 18,10 ss); mas na verdade, muitas vezes não percebem os próprios pecados por causa de uma consciência mal formada que acaba encobrindo-os. Para não cairmos neste erro temos de comparar a nossa vida com aqueles que foram os modelos de santidade: Cristo e os Santos.
Assim podemos nos preparar para o Banquete pascal glorioso do dia 23 de março, encontrando-se com o Senhor ressuscitado e glorioso com a alma renovada no seu amor.
No Brasil, a CNBB incorporou à Quaresma a Campanha da Fraternidade, para aproveitar esse tempo forte de espiritualidade para o exercício da caridade e também da cidadania. Neste ano o tema é “Escolhe pois a vida”; a luta contra todo desrespeito à vida humana, sobretudo o aborto, eutanásia, inseminação artificial, manipulação de embriões, uso da “camisinha”, da pílula abortiva do dia seguinte, etc.
É uma grande oportunidade que Deus nos dá para lutarmos especialmente contra o aborto que ronda e ameaça ser legalizado em toda a América Latina. Nenhum católico pode se calar neste momento. O silêncio dos bons não pode permitir que a audácia dos maus sobressaia e implante o terrível crime em nosso país. O chão sagrado desta Terra de Santa Cruz, não pode ser manchado com o sangue inocente de tanta criança assassinada no ventre das mães. Nem as cobras fazem isso.
Prof. Felipe Aquino