Por Marco Tosatti, em Vatican Insider. Tradução do Cepat.
Nesta segunda (02-12) o Papa recebeu em visita “ad Limina” os bispos da Holanda. A reunião, inicialmente marcada para a quinta-feira, 5 de dezembro, foi antecipada. Durante a semana, também se realizada a reunião, a segunda, entre os oito cardeais conselheiros do Papa para a reforma da Cúria, de forma que a carga de trabalho é tanta que não será possível conceder aos bispos holandeses um encontro individual com o Pontífice.
Paralela à visita em Roma, houve uma marcante iniciativa por parte dos milhares de católicos holandeses, que emitiram um comunicado e prepararam um documento dirigido ao Papa Francisco, intitulado “Ad Limina Apostolorum”. A situação da Igreja na Holanda (foto), difícil há décadas, parece viver uma nova crise que provoca “preocupações” em relação à “direção alarmante que a Igreja holandesa, tomada por dificuldades, tem tomado nos últimos anos”, escrevem os leigos.
Muitos deles participam ativamente nos setores científicos, acadêmicos, técnicos e no mundo dos negócios e percebem que atualmente a fé “católica, a cultura, seu patrimônio e sua herança, correm o risco de se perderem para sempre”. A impressão é de que a Igreja do país “está à deriva”, desta forma, decidiu-se lançar esta iniciativa, sem precedentes desde os tempos do Concílio Vaticano II. “Dois grupos de leigos decidiram unir suas forças, resolutos a se fazer escutar à luz de um novo curso de ‘discernimento, purificação e reforma’, como destacava a ‘Evangelii gaudium’”.
Assim, a Bezield Verband Utrecht (BVU), que tem mais de 4.000 associados e muito mais seguidores, como pode ser observado revisando as visitas que recebe em seu sítio, se uniu ao “Professorsmanifest” (PM). Este último é uma plataforma acadêmica que compreende mais de 60 professores de todas as universidades holandesas. “Há duas semanas, o grupo, em um gesto que pretende demonstrar seu constante apoio ao Papa, mostrou-se de acordo em trabalhar com a BVU na preparação de um amplo relatório intitulado ‘Ad Limina Apostolorum’”.
O relatório foi enviado ao Pontífice. Nele os leigos acusam os bispos de “terem escolhido se retirar de suas obrigações e responsabilidades com seu rebanho, citando uma longa lista de obstáculos sociais que são impasses ou que não se quer enfrentar”. Em particular, parece alarmante, segundo os leigos, o programa de suspensão das paróquias, fechamentos, vendas de bens eclesiásticos e Igrejas. Os bispos querem criar novas mega-paróquias chamadas “Centros eucarísticos”, dirigidos por “equipes de administradores” nomeados pelos bispos com um sacerdote. Estas mega-paróquias também serão chamadas de “lugares de esperança”.
Cerca de 1.300 paróquias serão extintas, milhares de edifícios eclesiásticos serão demolidos. “Há uma percepção generalizada – escrevem os leigos – de que estas ações são conduzidas com a ausência dos procedimentos prescritos relacionados com a alienação dos bens temporais, estabelecidos pelo código da Igreja”. Estas medidas foram tomadas contra a vontade dos paroquianos, muitos dos quais sentem “terem sido marginalizados e privados de seus direitos em suas próprias Igrejas”. De acordo com sua opinião, que pode ser lida nos documentos, os bispos são responsáveis por aplicar uma política de “secularização agressiva”.
E esta política, indica o relatório, teria nascido devido a uma “cultura do medo” que desmoraliza os crentes e ameaça a fé. A conclusão: “unidos, juntos na fé em Cristo e na devoção à Igreja católica universal, estamos determinados a parar a tendência de fazer calar a fé, para restaurar uma ordem justa na Igreja”. Por isso, propôs-se encontrar uma solução aos problemas com um diálogo aberto, objetivo, honesto e verdadeiro.