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quinta-feira, 10 de março de 2011

COLUNA DO CARLOS HENRIQUE - ENTRE A CIÊNCIA E A FÉ

Por CARLOS HENRIQUE, MDM






Juliana é alagoana, casada, mãe de dois filhos, professora universitária com 40 horas e dedicação exclusiva. Sua dedicação à família é exemplar, mesmo com uma puxada carga horária de trabalho. Aprendeu com sua mãe o hábito de ir à missa aos domingos, quer chova ou faça sol, sozinha, ou acompanhada do marido e dos filhos.

Um belo dia Juliana amanheceu doente, com febre e dor abdominal. Não parecia ser uma virose, ou mesmo uma gastroenterite. Em poucos dias o seu estado geral piorou, sendo levada pelo marido ao hospital em Maceió.

Uma vez internada realizou vários exames laboratoriais, ultrassom, tomografia, com os médicos chegando à conclusão de tratar-se de um abdome agudo, sendo necessária uma cirurgia de urgência. O diagnóstico inicial foi uma apendicite aguda.

Uma vez operada evoluiu de maneira insatisfatória, com febre, calafrios, e dor abdominal. Foi reoperada com 48 horas, e tratada com esquema duplo de antibióticos. Após a segunda operação ela não apresentava melhora clínica, deixando bastante preocupados os médicos e os familiares.

Seu marido resolveu assumir um risco e optou por trazê-la até o Recife, em uma UTI no ar, convicto de que num centro mais evoluído teria maiores chances de reverter o quadro de Juliana.

Já em Recife, após ser avaliada por uma junta médica foi decidido por uma terceira operação, dessa vez uma laparotomia exploradora. Já estava em uso de um esquema tríplice de antibióticos. Cheguei a visitá-la no quarto do hospital, e sua face era de dor e sofrimento. Foi então transferida para a UTI.

Após 30 dias de doença, 3 cirurgias abdominais, vários tipos de antibióticos usados, Juliana evoluía para pior. Persistia com febre, dor e distensão abdominal, seu intestino estava paralisado, sua pressão arterial era mantida sob efeito de drogas (adrenalina), e respirava com ajuda de aparelhos.

Numa noite fria e chuvosa de inverno, os médicos estavam reunidos e por decidirem se fariam uma nova cirurgia. A mãe de Juliana entrou em desespero. Chamou o Dr. Sérgio, chefe da equipe médica, e pediu para que ele desse à Juliana uma "pílula" do frei Galvão. O Dr. Sérgio se fez de desentendido e continuou a falar dos detalhes técnicos e da gravidade do caso. Juliana estava em choque séptico (septicemia).

A mãe de Juliana voltou a insistir com o Dr. Sérgio sobre o uso da "pílula" do frei Galvão. Falou da religiosidade de sua filha, e da sua fé em receber uma graça divina. Explicou que Frei Galvão foi um frade católico e o primeiro santo nascido no Brasil. Contou que ele foi canonizado pelo papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil em 2007, que se tratava de uma novena, e tinha que rezar durante 09 dias a Oração da Novena à Santíssima Trindade:

".... Santissima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu Vos adoro, louvo e Vos dou graças pelos benefícios que me fizestes. Peço-vos, por tudo que fez e sofreu o vosso Venerável Frei Galvão, que aumenteis em mim a fé, a esperança e a caridade, e Vos digneis conceder-me a graça que ardentemente almejo. Amém...!"

Precisava rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria, uma Glória ao Pai, e tomar 3 Pílulas do Frei Galvão, da seguinte maneira:

- A primeira pílula no primeiro dia da novena.
- A segunda pílula no quinto dia da novena.

- A terceira pílula no último dia da novena, ou seja, no nono dia.

O Dr. Sérgio, atento às justificativas religiosas da mãe de Juliana, perguntou sobre a origem das "pílulas"? Sem perder o fôlego a mãe de Juliana contou a seguinte história: "Certo dia, Frei Galvão foi procurado por um senhor muito aflito, porque sua mulher estava em trabalho de parto e em perigo de perder a vida.
Frei Galvão escreveu em três papelinhos o versículo do ofício da Santíssima Virgem: "Pos partum Virgo, Inviolata permansisti: Dei Genitrix intercede pro nobis (Depois do parto, Virgem Santíssima, permaneceste intacta; Mãe de Deus, intercedei por nós)".
Frei Galvão deu ao homem, que por sua vez levou à esposa. A mulher ingeriu os papelinhos, que Frei Galvão enrolara como uma pílula e, para surpresa de todos, a criança nasceu normalmente.
A outra história era de um jovem que sofria com dores causadas por cálculo renal. Frei Galvão fez outras pílulas semelhantes e deu ao moço. Após ingerir os papelinhos, o jovem expeliu o cálculo e ficou curado"!
"Dr. Sérgio, esta é a origem das milagrosas pílulas, e até hoje o Mosteiro fornece para pessoas que têm fé na intercessão do Servo de Deus"! Disse a mãe de Juliana, com lágrimas nos olhos e uma voz de desespero.

"Escute bem, minha senhora: sua filha está entre a vida e a morte. Não podemos esperar 9 dias por uma reza. Vamos começar hoje à noite um antibiótico novo, de última geração. Se ela não responder teremos que fazer amanhã uma cirurgia, de altíssimo risco para ela. Se a senhora tem tanta fé assim, pode usar a "pílula" na senhora mesma. Como médico e chefe da equipe não posso permitir que use na sua filha. Ela está com sonda naso-enteral, e em dieta zero"! Disse o Dr. Sérgio, já exausto e com a paciência por se esgotar. A mãe de Juliana fixou o olhar nos olhos do Dr. Sérgio, engoliu a primeira pílula, e começou a rezar a novena, na frente do médico.

Na manhã seguinte o quadro de Juliana, de forma inexplicável começou a melhorar. Não teve febre durante toda à noite, e o abdome estava bem melhor, já com ruídos. A cirurgia de urgência foi então suspensa. Nos dias subseqüentes Juliana só apresentou melhoras.

No quinto dia da novena a mãe de Juliana engoliu a segunda pílula. Por coincidência ou não, na manhã seguinte Juliana recebeu alta da UTI, indo para um quarto, e retornando ao convívio dos familiares.

No nono dia da novena a mãe de Juliana engoliu a terceira pílula. Era uma sexta-feira. No sábado pela manhã, com um ar soberano, o Dr. Sérgio deu alta hospitalar à Juliana. Ele enalteceu a eficácia do último antibiótico usado, deixando claro sobre a importância dele na melhora do quadro de Juliana. Sua mãe, em silêncio ouvia as palavras do Dr. Sérgio, mas o seu pensamento estava voltado para as pílulas do Frei Galvão. Ela fechou os olhos, agradeceu a Deus pelo trabalho do médico e sua equipe, e depois, não contendo a emoção, agradeceu ao Frei Galvão pela graça alcançada.

Ela entregou um envelope ao Dr. Sérgio com os seus honorários, e agradeceu a sua dedicação. Ao sair do quarto e abrir o envelope o Dr. Sérgio encontrou: um cheque nominal, um outro envelope, pequeno, com uma novena e três pílulas do Frei Galvão. E um pequeno bilhete dizendo: "O senhor é um médico muito bom. Não tenho a menor dúvida de que a sua ciência, aliada à minha fé salvaram a minha filha"! Agora cada um pode seguir o seu caminho. Continue estudando, porque eu vou continuar rezando"!

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