Páginas

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Heresia. Montanismo (final do Séc. II)




O movimento surgiu na Frígia (Ásia Menor Romana, hoje Turquia), pelos anos 170 d.C.

Montanus, um sacerdote de Cibele, iniciou inocentemente sua carreira pregando um retorno à penitência e ao fervor. Contudo, ele alegava que seus ensinamentos estavam acima dos ensinamentos da Igreja porque ele era diretamente inspirado pelo Espírito Santo. Julgava-se o instrumento do Espírito Santo prometido por Cristo e precursor de uma nova era. Chamava a si mesmo de pneumático (inspirado pelo sopro do Espírito)


Segundo as profecias difundidas pelos montanistas, uma outra era cristã se iniciava com a chegada da nova revelação que a ele foi concedida.


Rapidamente ele começou a ensinar sobre uma eminente volta de Cristo em sua cidade natal na Frígia. Esse movimento destacava, sobretudo a continuidade dos dons extraordinários como falar em línguas e profecias.


Montano pregava que a Igreja não tinha capacidade de perdoar pecados mortais, lançando na lama várias passagens bíblicas que então subsistiam pela tradição e escritos.


Havia duas mulheres, Priscila e Maximila, que tinham deixado os maridos para o seguirem e que eram as porta-vozes proféticas de Montano, que dizia que o Espírito Santo falava através delas. Fez dezenas de predições proféticas enganosas, já que jamais foram cumpridas, como a de que a aldeia de Pepuza, na Frígia, seria a Nova Jerusalém. Em sua rigidez, proibia certos alimentos, exigia jejuns prolongados e rigorosos e não permitia o casamento de viúvas, como também negava o perdão de pecados graves ao neoconvertido, mesmo após o batismo (com confissão e arrependimento).


O montanismo se disseminou rapidamente, mas encontrou fortes oposições, destacando-se entre elas a de Apolinário, Bispo de Hierápolis. Foi submetido ao crivo de Roma (177), quando os confessores de Lião intervieram junto a Eleutério.


Seu alastramento na Ásia e outras partes (193-196) suscitou novas refutações, como a de Apolônio e de Serapião de Antioquia e levantou violentas oposições nos meios romanos. Em Roma, Tertuliano teve contato pela primeira vez com o montanismo e aliou-se a ele, tornando-se seu mais famoso partícipe.


Esta seita, anti-romana, se constituía numa ameaça para a paz entre a cristandade e o Estado, foi excomungada pela Igreja, mas subsistiu no Oriente até o século VIII.


Muitos não viam na época, como não vêem hoje, o montanismo como heresia, mas sim como uma seita profética falsa que disseminou profecias que nunca vieram a ocorrer. Insistem em afirmar que não houve problemas de doutrina, o que discordo veementemente. Parece-nos muito claro o ataque à fé, à tradição e à moral que a Igreja prega e sempre pregou. O montanismo acabou por se fundar em um “puritanismo” arcaico, se assim poderíamos qualificá-lo e exemplificar.


Com relação ainda a situação do movimento como herético ou não, temos que os primeiros montanistas não alteraram a doutrina católica, portanto não foram heréticos, porém foram aos poucos caindo em excessos tais como: a negação da absolvição aos que tinham cometido pecados graves (p.ex.: apostasia e adultério); rejeição do matrimônio e das relações conjugais (considerando que apartavam das visões proféticas; Tertuliano chega mesmo a condenar as segundas núpcias); condenação, como diabólico, do parto das mulheres; rejeição da filosofia, artes e letras.

Essa heresia, acaba que, de certo modo encontra-se presente em muitas seitas dos dias atuais, cuja rigidez de costumes traz esta idéia no fundo.

Postado por Emanuel Jr.
 
Fonte:Blog do Emanuel Jr.

Nenhum comentário:

Postar um comentário