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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Ligação Estado-religião explica atraso da civilização islâmica, diz psicólogo.

Depois da primavera , por Hélio Schwartsman.



Partido islâmico vence as eleições na Tunísia, Muammar Gaddafi é assassinado na Líbia, Bashar Assad continua eliminando seus opositores na Síria.

Quais são as perspectivas da Primavera Árabe? Ou, indo um pouco mais a fundo, o que deu errado com a civilização islâmica?

Até o fim da Idade Média, enquanto a Europa se empenhava em aprimorar seus instrumentos de tortura, os árabes davam exemplos de tolerância religiosa, dedicavam-se a traduzir os clássicos gregos e a fazer suas próprias contribuições para a astronomia, a medicina, a química e a matemática.

Hoje, com uma população que representa 20% da humanidade, países islâmicos respondem por metade das guerras do planeta. Não é só.

Cerca de três quartos deles aplicam a pena de morte, contra um terço das nações não muçulmanas. Pior, alguns ainda se valem de penas cruéis, como apedrejamento, chibatadas e amputação. A cada ano, mais de 100 milhões de meninas são submetidas à excisão do clitóris. Na Mauritânia, a escravidão foi abolida apenas em 1980.

Em seu novo livro sobre a violência, o psicólogo Steven Pinker levanta hipóteses para explicar o fenômeno. De algum modo, os árabes perderam o que ele chama de Revolução Humanitária, que, no Ocidente, está na raiz dos direitos humanos e da progressiva laicização da sociedade.

Pinker especula que a forte imbricação entre Estado e religião nos países islâmicos limitou a circulação das ideias humanistas e iluministas, o que os encapsulou num estágio de desenvolvimento pouco liberal.


A boa notícia, diz o autor, é que, hoje, essas ideias estão circulando, e pesquisas de opinião mostram que, embora não haja sinais de que democracias seculares estejam a caminho, valores como liberdade de expressão, emancipação da mulher e rejeição à violência ganham aceitação.Se a análise for correta, cenários de grupos islâmicos radicais assumindo o poder ficarão menos prováveis.

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