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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Religiosos e profissionais da Justiça criticam o BBB: imoral e antiético.
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Um suposto caso de estupro no Big Brother Brasil, reality show da TV Globo, gerou grande repercussão e discussões ao longo da última semana. A polêmica envolvendo os participantes Daniel e Monique começou na madrugada do dia 15. Após uma festa regada a muita bebida, os dois participantes protagonizavam cenas quentes, debaixo de cobertas, num dos quartos do programa. Muito embriagada, Monique aparentemente dormiu e o modelo Daniel teria aproveitado para abusar sexualmente da mulher desacordada.
A Rede Globo tratou do assunto com discrição. O participante Daniel foi expulso do reality show, mas a emissora não esclareceu detalhes sobre o motivo da expulsão, alegando apenas que o modelo teria “infringido as regras do programa”. Na manhã da última terça-feria (17), Monique prestou depoimento á Polícia Civil do Rio de Janeiro e teria afirmado que as “carícias” foram consentidas.
Daniel e Monique envolvidos em questão polêmica no ‘BBB’Daniel e Monique envolvidos em questão polêmica no ‘BBB’
O episódio já é considerado a maior polêmica de todas as edições brasileiras do Big Brother. O programa é famoso por incentivar a discórdia entre seus participantes, que se enfrentam com o objetivo de ganhar um prêmio em dinheiro. Complôs, tramoias e conspirações são comuns entre os ‘brothers’. Outra característica marcante são as festas luxuosas do reality show, regadas a bebidas.
Imoral e antiético
Algumas lideranças religiosas se manifestaram repudiando o episódio e criticando o reality show. Segundo os religiosos, programas como o BBB insultam os valores da moral e da ética, sendo um péssimo exemplo para a família brasileira.
“O programa amplifica os maus costumes que desgraçadamente já acontecem na vida real. As cenas de insinuações que aparecem no Big Brother e em algumas novelas são um desrespeito para toda a família. Hoje em dia a televisão incentiva a violência, o ódio, a traição e a infidelidade”, disse o reverendo Gulhermino Cunha, presidente da Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. O reverendo ainda defendeu um maior controle no conteúdo televisivo.
“Para evitar casos como esse, vale aplicar a censura, não só à Globo, mas a qualquer outra emissora. Temos que preservar a nossa ética. Pois se continuarmos assim, chegaremos ao mesmo nível de deteriorização da época de Noé e o Dilúvio”, afirmou Guilhermino.
Vigário na Paróquia Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na Zona Sul carioca, e muito querido do povo carioca, o padre Jorge Luiz Neves Pereira, mais conhecido como padre Jorjão, também reclamou do reality show:
“Faço questão de não assistir a este programa. Prefiro fazer coisas mais importantes, como estudar e ler. Na TV, eu só assisto aos telejornais. É apelação demais e não me acrescenta nada”, criticou o religioso, sem querer tecer comentários sobre o episódio de suspeita de estupro.
O estudioso Paulo Fernando Carneiro de Andrade, doutor em Teologia, vê muita gravidade não apenas no episódio do suposto estupro, mas também na veiculação das imagens pela TV Globo, que foram reproduzidas na internet e ganharam destaque.
“Este tipo de programa tem um impacto muito negativo na formação de cultura da população. O episódio do suposto estupro é gravíssimo, mesmo que não tenha sido comprovado. Se a emissora tem o total controle das imagens veiculadas, por que não interromperam a transmissão quando viram o que estava acontecendo? Foi irresponsável”, detonou o pesquisador. “Esses acontecimentos do reality show ferem a ética e a dignidade humana”, opinou.
Globo teria responsabilidade
A defensora pública Rosane Lavigne, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, ressalta que a questão mais grave não diz respeito aos participantes envolvidos, mas sim à responsabilidade de Rede Globo frente ao suposto abuso.
“A polícia deve investigar o caso com as cautelas de praxe. Mas eu penso que um ponto de extrema importância é o papel da Globo nessa história. É de interesse da emissora o uso sensacionalista e comercial dessa questão. O episódio deu Ibope e foi repercutido em outros canais de TV”, disse a defensora.
“Me preocupa a ausência de um órgão que possa fiscalizar e investigar os meios de comunicação em situações como essa, podendo até rever o contrato de concessão das emissoras”.
Segundo o Artigo 13, Parágrafo 2º do Código Penal, uma pessoa ou entidade pode ser penalmente condenada por crime comissivo por omissão, quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado de um crime.
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